Blog com sintomas acentuados de jetlag, sobre lugares, pessoas e outras coisas. Unipessoal. Partilhável.

terça-feira, agosto 10, 2004

free shop

No geral, acho que os aeroportos são espaços hiper kitsch. Especialmente os europeus. Na Europa as pessoas não têm uma visão utilitarista dos aviões e dos aeroportos, como, por exemplo, se tem nos States (pelo que me contam) ou no oriente. Nestes lugares, o aeroporto é onde se vai apanhar um avião. Na Europa, um aeroporto é para onde se vai esperar por um avião. Pelo menos essa é a minha experiência. Essa diferença condiciona toda a oferta e toda a procura.
No oriente, nos aeroportos que conheço, não há Starbucks nem Tie-Racks (excepto em alguns casos). No máximo há uns quantos snacks, um self, uma ou outra loja rasca de souvenirs e um balcão de câmbio. Os lugares para sentar são geralmente feios, frios e raros e estão quase sempre ocupados com bagagem e pés do viajante sentado em frente. Já quanto aos States, quem não ouviu dizer, por exemplo: «Olha, afinal o JFK é uma merda!»?
Na Europa parece querer-se oferecer ao viajante uma experiência única e irrepetível. A experiência de viajar (isto é, de esperar um avião) deve exceder, em intensidade, a experiência de se estar num outro lugar. A emoção do meio deve ser superior à emoção do fim. Quem não fuma passa a fumar. Quem não bebe café passa a beber café. E quem não lê tem, frequentemente, dois ou três jornais e um livro debaixo do braço . E como é que eu sei isso? Não sei. É apenas uma percepção. E uma ou outra revelação autobiográfica (mormente no que diz respeito ao café e aos livros).


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