relativismo
MVA escreve, aqui, sobre o tratamento que um jornal, em dada peça, deu a um indivíduo de 26 anos, tratando-o repetidas vezes como "rapaz". O rapaz isto, o rapaz aquilo. MVA refere-se a esta situação/tendência como um «deslizar acelerado das categorias etárias».
É certo que esse deslizar é determinado pela natureza do cenário em que a situação se integra (é certo? bom, não sei... digo eu). Por exemplo, se um indíviduo de 24 anos é morto a tiro pela polícia esse alguém é um "rapaz". Se for ao contrário, dir-se-á, impiedosamente, que «um homem de 24 anos matou a tiro um polícia e pôs-se em fuga». É recorrente. E é deste constante recurso ao simbólico que se fazem as notícias e, sobretudo, as manchetes.O que dizer sobre o caso do futebol e, comparativamente, sobre a caso da guerra?
No futebol, Cristiano Ronaldo é, para os media, um "miúdo" de 19 anos (o título da capa do Record ou da Bola após o jogo da final do Euro 2004 foi, referindo-se ao jogador, elucidativo: «não chores, miúdo!»). Já nas reportagens sobre o Iraque, os soldados americanos que lá estão, cuja média de idade deverá rondar os 19, serão, na pior das hipóteses, homens. Homens bravos, rijos e abnegados (qualidades com que raramente se identifica esta coorte). Lembro-me, ainda a este propósito, do estigma da idade que MEC transportou consigo ao longo de muitos anos, o qual expôs magistralmente n' "As Minhas Aventuras na República Portuguesa". Já à beira dos 40 e ainda era convidado para certos eventos na qualidade de "jovem".
Eu, cá por mim, sei muito bem colocar-me no meu devido lugar. Ainda sou um garoto de 31 anos e quero ser tratado como tal. Nem subestimado nem sobrestimado.
<< Home